quinta-feira, 22 de julho de 2010

Política pra quem gosta/precisa

Mal começou a falar sobre eleições e eu já não aguento mais. As pessoas só falam disso, e com posição firme de quem é expert no assunto.

Eu não sou! Mas consigo perceber uma coisa interessante com a chamada esperança do povo brasileiro (que eu já não tenho), pode ser dividida por classes:

1- A CLASSE MAIS NECESSITADA: A esperança é, ao pé da letra, expectativa de um BEM que se deseja, uma espécie de consolo, uma espera eterna. Enfim, é aquele negócio que um dia vai mudar, e que tudo vai melhorar, o sonho da casa própria, do passe livre, da moto, da bicicleta, do crédito nas lojas entre outras coisas que, de fato, tem melhorado porém, ao mesmo tempo, estão sendo roubados de forma oculta sem nem saber.

2- A CLASSE INSTRUÍDA ou MAIS ATIVA SOCIALMENTE: Ah a esperança nesse caso muda de figura, deixa de ser uma expectativa do BEM, e passa ser expectativa do CONHECIDO, a esperança nesse caso, já não se importando com o BEM, é fazer parte da mamata, é ter uma chance maior de ganhar mais por menos trabalho, de forma vergonhosa, por meio de indicação, amizade, família, aparentado, interessado. Tudo passa a ser expectativa de participar do meio, e não de mudá-lo. Se toma uma posição, esquerda, direita, centro, mas não pra mudar nosso estado, ou país, é pra participar, ter a chance de pegar um pouco pra si. O pior disso tudo é que caso ganhe, a consciência é a mais tranquila, porque se fosse o adversário, "faria a mesma coisa"!

De que lado eu estou? Do oposto a política, sou a vítima. Não torço pra esquerda, nem pra direita. Porque não acredito em mudanças. Mas não acredito em mudanças e apesar de ter apenas 30 anos posso voltar no tempo e lembrar de algumas coisas:

Há 20 anos atrás a minha casa não tinha grade, minha casa não tinha muro alto, não tinha cerca elétrica. As pessoas botavam as cadeiras nas calçadas e jogavam dominó. A gente podia andar de bicicleta, skate com a calma do bairro. Violência e arma era visto apenas nos filmes do Rambo, Bruce Lee ou Chuck Norris. Com os centavos do lanche no colégio, eu comprava um litro de gasolina pra limpar os rolamentos do patins.

Há 10 anos atrás minha casa tinha grade, não tinha muro alto, não tinha cerca elétrica. As pessoas usavam o computador ou campinhos de futebol pra se divertir, porque o transito já andava aumentando e era perigoso brincar na rua. As pessoas não jogavam mais dominó na rua, e se encontravam nos aniversários. As pessoas já falavam em ser roubadas por faca e a violência começou a aparecer nas ruas quando se vacilava.

Hoje, minha casa tem grade, muro alto, cerca-elétrica e polícia do bairro. O escritório tem porteiro, camera, portao e nem isso foi suficiente pra pessoa chegar aqui com arma, render todo mundo e trancar 7 pessoas num banheiro de 1,2 m², fora ser roubado por assaltante, tenho outros tipos de assalto todo mês tais como INSS, JUROS, TAXAS etc. Hoje com 100 reais você mal compra gasolina pra uma semana. Filme de Rambo, Van dame, é sessão da tarde porque o que a gente olha nos noticiários reais amedronta muito mais que qualquer filme. O computador não tem segurança, a todo momento você recebe golpe por e-mail, quando não se implanta algum tipo de vírus pra roubar sua senha do banco. Segurança não existe mais nem quando você anda com guarda-costas e nossa polícia serve pra passear nos carros bonitos que o governo consegue.

Não gosto de política, não gosto de político e tenho nojo de muita gente que fala sobre isso. Eu tinha muita vontade de trabalhar em paz, empregar gente (que é o que eu faço), e ajudar. Mas nunca sou ajudado, sofro cada governo que entra com fiscalizações de gente que quer receber propina ao invés de trabalhar direito como uma parcela pequena como eu, sofro com encargos, com imposto e por muitas vezes penso em desistir, mas enquanto eu tiver fôlego eu continuo e com muito orgulho de só precisar de MIM.

É isso que eu penso, mais um desabafo, ou você acreditam que alguém entra na política pra mudar alguma coisa?